Antes que uma nova terapia possa chegar aos pacientes, ela passa por várias fases de estudos clínicos, que a avaliam quanto à sua eficácia e a segurança. Para se ter ideia, o tempo médio para que um medicamento em estudo seja aprovado para ser comercializado é de aproximadamente 10 anos.
Por isso, o tempo é vital para que os medicamentos cheguem mais rápido para milhares de pacientes que precisam de novas alternativas de tratamento, principalmente para aqueles que possuem doenças raras que ainda não possuem terapias eficazes. Mas se formos analisar a evolução do tempo desde a descoberta e implementação da pesquisa clínica, percebemos que não houve mudanças significativas.
Isso porque quando a penicilina foi descoberta em 1928, o tempo médio de conclusão de uma pesquisa clínica era de 12 anos. Agora, em 2021, o tempo é de cerca de 10 anos, ou seja, houve uma melhoria de apenas 2 anos. Se formos pensar bem, em quase um século, não houve muitos avanços relacionados com a forma em que os ensaios clínicos são conduzidos.
É claro, não podemos questionar que houve muitas mudanças positivas em relação a ética dos estudos, focados cada vez mais em garantir a segurança dos pacientes. Mas em países, como o Brasil, o tempo pode ser ainda mais desafiador. O motivo? A demora na aprovação regulatória dos estudos. O prazo médio para liberação pela nossa Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de um ano, enquanto nos Estados Unidos e na Coreia do Sul não passa de três meses.
Apesar do Brasil ter condições favoráveis para assumir o protagonismo do desenvolvimento de estudos clínicos, como ser o quinto país mais populoso do mundo e o sexto maior mercado mundial de medicamentos, o país está em 14º no ranking de número de estudos clínicos registrados. Essa situação prejudica, principalmente, os pacientes, que deixam de ter a oportunidade de acessar tratamentos que poderiam ser sua única esperança de sobrevida.
Embora a pandemia da Covid-19 tenha causado um impacto devastador com a interrupção de pesquisas para outras doenças em todo o mundo, ela também trouxe consigo a chance de inovação. Ao manter a mentalidade de inovação que inicialmente veio da necessidade, a indústria pode conduzir avanços com o potencial de agilizar o processo de desenvolvimento clínico e diminuir o tempo de aprovação regulatória.
Portanto, que essas mudanças venham para ficar, para que os medicamentos cheguem cada vez mais rápido, com a eficácia e segurança comprovada, para as pessoas que tanto precisam!