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Como o gosto amargo auxilia no controle da asma?

Pesquisas recentes têm mostrado que os receptores associados à sensação do gosto amargo na boca, podem ser úteis para o desenvolvimento de novos tratamentos para a asma

A asma é uma doença respiratória crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. É caracterizada pela inflamação das vias respiratórias, o que pode causar dificuldade para respirar, tosse, chiado e aperto no peito. Existem vários tratamentos disponíveis para a asma, como o uso de medicamentos broncodilatadores e corticosteroides inalados.

Em casos mais graves, os médicos podem prescrever medicamentos orais, injeções ou terapias biológicas para controlar a inflamação das vias respiratórias.

Uma novidade que tem chamado a atenção de pesquisadores é o uso de receptores do sabor amargo.

Um estudo recente indica que a descoberta de “receptores de paladar” nos pulmões, que respondem a substâncias amargas, pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos para a asma.

Os receptores do sabor amargo não estão limitados apenas à boca, mas também são encontrados em diversas partes do corpo, como as vias aéreas. Estimulando esses receptores, ainda que não seja totalmente compreendido como, é possível desobstruir as vias respiratórias e torná-los uma opção promissora no tratamento de condições pulmonares como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica.

Experimentos realizados em ratos revelaram que a estimulação desses receptores com compostos amargos ajudou a abrir as vias respiratórias e facilitar a respiração. A pesquisa, conduzida na Universidade de Maryland e publicada na revista Nature Medicine, pode trazer avanços no tratamento de outras doenças pulmonares além da asma. No entanto, a entidade britânica Asthma UK alerta que não se espera que novos medicamentos para a doença sejam desenvolvidos no curto prazo.

Os “receptores de paladar” encontrados no músculo liso dos pulmões não são os mesmos que estão nas papilas gustativas da língua. Eles não enviam sinais ao cérebro, mas ainda assim respondem a substâncias amargas. A natureza dessa resposta surpreendeu os pesquisadores, que presumiam que a presença desses receptores era uma defesa contra gases tóxicos, causando o fechamento das vias respiratórias e a tosse.

O experimento com ratos mostrou o contrário. Quando o tecido das vias aéreas dos ratos foi tratado com compostos amargos e, em seguida, exposto a substâncias que causam alergia, foi observada uma reação protetora.

Na asma e em outras doenças pulmonares, o músculo liso que reveste as vias respiratórias se contrai, estreitando-as. Remédios como Salbutamol ajudam a relaxar o músculo e abrir as vias respiratórias, permitindo a respiração normal. Um inalador baseado em compostos amargos como quinino ou sacarina pode substituir ou melhorar os tratamentos atuais.

É importante notar que mais pesquisas são necessárias para entender completamente os efeitos do gosto amargo no tratamento da asma. Estudos futuros devem se concentrar em reproduzir o efeito observado nos tecidos dos ratos em seres humanos, assegurando que as substâncias não produzam efeitos colaterais indesejados, como inflamação. No entanto, os estudos até agora são encorajadores e oferecem um novo foco para os tratamentos contra asma, com o intuito principal de melhorar a função pulmonar e, consequentemente, a qualidade de vida dos pacientes.

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